sábado, 24 de outubro de 2009

Saramago

Era inevitável abordar este tema, face à discussão que se instarou nos últimos dias neste País da Terra dos Fernandos (por acaso sabem que o novo governo toma posse 2ª feira?).

Tenho Saramago como um escritor importante das letras nacionais e da literatura mundial. Não conheço o escritor apenas porque ganhou o Prémio Nobel, tendo do meu ponto de vista obras que eu cosidero magíficas, como Levantado do Chão ou Jangada de Pedra, como tem outras que eu não aprecio ou que nem consegui acabar de ler.

Como pessoa reconheço-lhe a coragem e a frontalidade com que expressa as suas opiniões e marca a sua posição. Tem sido assim desde que nos tempos do PREC, era director do Diário de Notícias e controleiro político do jornal até aos tempos de hoje, aos tempos da polémica com o Secretário da Cultura da altura, Sousa Lara, e agora com as palavras "chocantes" com que descreve a Bíblia e a sua última obra Caim e a polémica com o eurodeputado Mário David (há sempre um político metido nisto, que depois lhe rebusca o passado, o crítica e faz precisamente o mesmo que Saramago fazia nos "idos quentes" de 1975).

sobre esta promiscuidade entre política e religião, eu queria relembrar que as pessoas quando ocupamcargos públicos, eligíveis ou não, não se devem pronunciar, como tal,sobre certos assuntos,titularizando por baixo os cargos públicos que ocupam (deve ser para dar mais peso e importância ao que dizem, mesmo quando é asneira).

Estamos a comemorar os 100 anos de Implantação da República, que produziu entre muitas coisas importantes a Lei da Separação entre o Estado e a Igreja, fundando o Estado Laico, madado às urtigas pelo 28 de Maio, com o celebrado acordo com o Vaticano denominado Concordata e o laicismo foi finalmente recuperado com o 25 de Abril (bem haja! Francisco Salgado Zenha, ministro da Justiça que renegociou a Concordata).

Infelizmente ainda não se acabou com a benção da 1ª pedra de qualquer obra pública, nem com as aulas de religião e Moral nas escolas,nem com as presenças oficiais em desfiles religiosos (será o Presidente, será o cidadão, será o vereador,mesmo o da Oposição, será o cidadão, que ali vão?), nem se acabou com as cadeiras mais ou menos retiradas, para não desrespeitar muito o protocolo oficial e laico, para o srº Bispo ou o srº Abade que na sua beatitude cristã assistem previligiadamente à cerimónia.

Ofendeu Saramago os católicos, por dizer o que pensa? Mas não foi este mundo ocidentalizado e tão liberal, que criticou a Sharia movida a Salmon Rushdie por causa dos seus Versos Satânicos, que condenou o assassinato do bisneto de Van Gogh por causa de um filme, que proíbe o uso do véu nos estabelecimentos de ensino, que considera um abuso censurar ou perseguir os autores de cartoons diamarqueses que retrataram Maomé e Alá, que é aliado de um país (Israel), cuja Constituição, identidade e razão de existir se baseia num livro religioso.

A Biblia é o livro que mais gente, pelo menos os que a criticavam, mandou para a fogueira.

E ainda querem o Saramago espanhol?

Reneguem todos os "hereges", pelo que dizem ou escrevem, e vivos ou mortos mandem-nos para Marte. Podem começar por estes:



M.Bakunine- "Se Deus existisse, seria preciso matá-lo."

- "Se Deus existe, o Homem é escravo; se o Homem é inteligente, justo e livre, Deus não existe."



Proudhon- "Se Deus existe, ele é o inimigo nº1 do Homem"



Éliseu Réclus- "É preciso descristianizar o Povo, se queremos que ele se emancipe. Estripemos-lhe da mente Deus e todos os demais fatasmas com que os poderosos o mantêm mergulhado nas trevas da ignorância e chumbado às grilhetas da escravidão.



Karl Marx- "A religião é o ópio do Povo"



Hans Ryner- "O meu Deus é a minha consciência"



Freud- "As religiões são apenas produto da neurose colectiva"



A.Schopenhauer- "As Religiões são como os pirilampos, só brilham na escuridão"



Sebastian Faure- "Há séculos que a Humanidade se inspira num Deus sem filosofia. É tempo já de que ela se inspire numa filosofia sem Deus"

- "A multiplicidade dos Deuses prova que não existe nenhum deles"

- "Deus não é infinitamente bom: é o Inferno que o prova."



Anatole France- "Não há prova mais evidente da inexistência de Deus do que a própria vida"



Grafitti anarquista em Lisboa (1974)- "Deus não existe, pelo menos não se recenseou"





Provérbio grego:



"GRITA BEM ALTO PARA NÃO SERES ENTERRADO VIVO"