terça-feira, 17 de novembro de 2009

A ética na organização

História hilariante a do "Bode do Chico das Cabras", tão bem narrada pelo Luís Gonçalves. a quem saudamos respeitosamente. Eu, que até já fui funcionário público, conhecia algumas histórias, mais ou menos semelhantes a esta e de todo, não me senti ofendido, até porque o narrador teve a preocupação de situar a história "no tempo em que os animais falavam", tempo esse muito anterior ao tempo do meu "funcionalismo".
Esta, como muitas outras fábulas, merecem a nossa reflexão.Pois aqui vão as minhas considerações.
A ética como "ciência relativa aos costumes", entende-se não como as regras impostas pelo meio exterior, mas sim as impostas em termos do desenvolvimento pessoal de cada um de nós. Está subjacente à natureza humana que o homem é um ser em contínua aprendizagem, seja de conhecimento, de valores ou de atitudes, e assim a ética ajuda-nos a que essa aprendizagem contribua para nos melhorar como pessoas.
De uma forma geral, a ética de uma organização, pública ou privada, é um conjunto de regras impostas aos que dirigem e aos que trabalham na dita organização. No desenvolver do nosso crescimento cognitivo, adquirimos algumas aptidões, virtudes, valores e atitudes, que vão condicionar e regular a nossa conduta diária. ou seja, na prática a ética explica como devemos comportar-nos para conduzir a nossa vida, de modo que "no final tenha valido a pena vivê-la".
Numa organização, a éticá fará sempre falta e a organização pode sempre fazer melhor, dependendo da equipa humana que a compõe.
Porque é então necessária a ética? Porque "1º os homens e mulheres que a dirigem e trabalham nela, têm o direito e ao mesmo tempo o dever, de se comportarem eticamente dentro dela; 2º a organização condiciona os comportamentos individuais que, se não se rege por critérios éticos, pode acabar tornando-se impossível o desenvolvimento moral das pessoas; 3º uma organização em que não se viva um clima ético acabará defraudando os seus objectivos como organização".
A tarefa de dirigir começa com o determinar objectivos, que não são mais que os resultados que se pretendem alcançar. Para que tal aconteça, há que realizar todo um trabalho de coordenação das acções da equipa humana envolvida no alcançar dos objectivos definidos e acaba na tarefa de motivar cada um dos membros da equipa, para que a acção individual de cada um permita atingir o propósito final.
Não chegam, porventura, os incentivos económicos ou sociais, é necessário conseguir que todos sejam capazes de descobrir as necessidades reais das pessoas e pô-las como objectivo das suas acções concretas. Por conseguinte, pessoal automotivado, não só desenvolve conhecimentos e capacidades, que os levarão a melhorar a qualidade dos processos de trabalho, como serão capazes de agir de acordo com as necessidades reais dos colegas, dos subordinados e do público. Com uma organização e pessoas éticas,estão reunidas as condições para desenvolver a qualidade dos seus serviços.
Em resumo: " por um lado a ética avisa-nos: não faças mal, porque te destróis como pessoa- é a ética das normas (negativas). Porém, a partir daqui, surge-nos um vasto campo de acção: faz o bem, actua: age de forma total e melhora a tua actuação. Esta é a ética dos bons, E quando esses homens e mulheres, à força de agir, de actuar bem, cada dia melhor, contando mais com as necessidades dos demais, adquirem virtudes, comportarem-se eticamente serás mais fácil para eles- é a ética das virtudes."
Mais: " a ética permite-os entender aspectos da realidade, que sem ela escapam-nos. Um dirigente ético entende as motivações dos seus fucionários, enquanto eles agem não só pelo seu salário, promoção ou satisfação, mas também por motivações mais profundas. E essas motivações, uma vez adicionadas à sua maneira de ser e de trabalhar, quando se convertem em virtudes, quer dizer, em hábitos de operação que se manifestam na sua actuação, que asseguram a manutenção da unidade da organização, que se fomentará a confiança mútua entre os seus membros, que se terá em conta as necessidades reais do público, etc, ... e tudo isso independentemente do que se gosta, ou não, e do que se lhes pague, ou não, por isso."
Já viram o que dá reflectir sobre fábulas? Desculpem, mas chiça para o bode!